Intitulatio [dar-se a si próprio um título].

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Será que sou , que estou sozinho?

Será que este mundo é tão pequeno que todos os doidos têm que respirar à minha volta? Ou será que é tão grande que me sinto a respirar para cima destes?
Este é um dos meus mistérios.
Mistério tão grande como, nos tempos idos da tropa, o srº. alferes berrar um “direita volver” e eu ficar de frente para o pelotão. “Sim, tu és o único que está bem! Todos os outros estão mal!”
E como tinha razão o dito oficial. Tanta razão que ainda hoje no trabalho, ou no mundo em geral, sinto-me como o “único que está bem”.
Mas será que é importante o “meu” sentir? Pois, sinceramente, acho que não... Acho que o meu sentir, tal como todos os sentires dos doidos, tornam-se tão ridículos que acabam por ser e cheirar a merda.
Importa, destarte, para a Humanidade, a existência dos doidos e não o facto de respirarem ou sentirem. A mim incomoda-me, não o facto de respirarem, mas sim o facto de os sentir, ver, aturar ou, simplesmente, saber que existem.
Lá está o meu mistério, o meu mistério do dia de hoje. Eu bem e a Humanidade muito mal. Hoje e de todos os dias...
Que grande merda!
Mas, partindo das certezas de que o mundo é pequeno e povoado de malucos, o que serei eu e qual o meu papel dentro da grande definição que é a Humanidade, Homem ou espécie humana? (Desculpem!!!!!! Não posso ir por este caminho devido a várias promessas feitas).
Mas, partindo das certezas de que o mundo é pequeno e povoado de malucos, porque não me aparece alguém, podia ser apenas um, que saiba ser e, tal como eu, “estar bem”?
Dos malucos todos não há algum que saiba ser o único que está bem?
Ah! Se calhar há mas não respira e, se não respira eu não o sinto! Se não o sinto logo não existe. Acho que até já começo a perceber o “Cogito, ergo sum” do tal de bigodinho que se descartava... do, tal do Discours de la Méthode.
Chegava-me um. Apenas um e só um. Deixaria de ser, tal como sou desde sempre, o “único que está bem” e passariamos a ser “os que estão bem”.
Giro. Muito giro mesmo.
Façamos de conta; Façamos para, pelo menos neste ponto, eu não estar sozinho. Têm que concordar comigo que, por vezes, é chato estar sozinho. Vejam no que diz respeito ao sexo! Não, este é um mau exemplo pois viver a sexualidade a solo não é aborrecido, é monótono, silêncioso, insípido e faz doer o pulso.
Têm que concordar comigo que, por vezes, é chato estar sozinho. Vejam no que diz respeito aos loucos: acham que todos os doidos que aturo, contando com os que tiveram coragem de continuar a ler até este ponto, vejo, ouço e sinto respirar sobreviviam sozinhos? Claro que não.
Existindo sozinhos não seriam doidos, seriam o “único que está bem”!!!!!
Estando bem, sentiriam os doidos, invertendo agora e hipotéticamente os papéis, o meu respirar? Sentir-me-íam, veríam-me, aturar-me-íam ou, simplesmente, sabiam que eu subsistia? Seria eu a ser e a cheirar a merda?
Perguntas legítimas.
Seriam EU mesmo. Eu mesmo sozinho contra a Humanidade, Homem ou espécie humana.
Enfim, depois disto tudo, acabei de matar mais um mistério e de criar mais uma certeza.