Intitulatio [dar-se a si próprio um título].

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Crime perfeito

Afinal sempre existe o crime perfeito!
E para que neste blog não só existam tristezas...

Passo a publicidade! Peço desculpa e juro que não ganhei nada com ela!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

mp4

Aprendi a inebriar-me com o MP4 de uma das minhas filhas. Eu, que considerava os fones apenas como o meio mais célere para alcançar a surdez, rendi-me ao feitiço de ter os ouvidos emudecidos. Silenciados com rádio ou com música. A surdez? Já não me preocupa… Similarmente, nos dias que se sucedem, só se escuta merda, nada de jeito. Já nada se descobre.
Um dos efeitos que mais me apraz, no dito mp4, é a alheamento ao que envolve fisicamente. Do estilo assistência que, apesar de estar colado ao ecrã, não faz parte dos que os seus sentidos, com a obvia exclusão da audição, pressagiam.
É um sentimento, tal como o que os vidros de um carro oferecem aos seus ocupantes, de falsa segurança. Há o mundo “dentro” e o mundo “fora” do carro. O vidro é uma barreira inexcedível e, subsequentemente, não se tocam os dois mundos. Não há riscos. Está-se estável dentro de um carro. Seguro.
É um falso sentimento, evidentemente, pois estes vidros, na generalidade, podem ser partidos ou abertos. E, claro está, não é o louvado mp4, ao distrair os ouvidos que impede esse corpo de sentir, por exemplo, os dissabores de uma bala.
Mas bendito seja o encantamento, por inibição de um dos sentidos, que apesar da falsa fiança, nos ajuda e muito, abstrair da desengraçada humanidade que nos abarca. Abstraídos desta conseguimos, desacompanhados, ser bem-aventurados.
MERQUEM fones! É preferível a se devotarem aos psicotrópicos.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sexta-feira!



Hoje sinto-me um verdadeiro patriota! Um daqueles que adora a sua pátria e a sua grandíssima imagem! (acho que se nota!)
Um agradecimento às nossas autoridades por consentirem (ainda) o desfrutar da parte do dia da semana que mais desejo - a sexta-feira à tarde!!!!!
Um bem haja…

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ai que saudades!!!!!!!

* * * * * * * * *

Saudades


Saudades! Sim.. talvez.. e por que não?...
Se o sonho foi tão alto e forte
Que pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah, como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão.

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar
Mais decididamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais saudade andasse presa a mim!

Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"

Trabalho

Ah pois é, é é… Eu até sou dos sortudos que não desgosta do seu trabalho (estive para escrever “serviço” mas achei que podia ter conotação sexual)! Não posso dizer que goste dos 100 % da minha labuta mas, acho eu, que posso apelar aos 99%.
Por tal, dou ênfase à citação de Máximo Gorki: “Quando o trabalho é prazer, a vida é uma grande alegria. Quando o trabalho é dever, a vida é escravidão.”
Para quem não sabe, tal como eu não sabia, Máximo Gorki chamava-se Aleksei Maksimovitch Pechkov, viu, no início da sua carreira, as peças Pequenos Burgueses e Albergue Nocturno, representadas pela companhia de Stanislavski em Moscovo em 1902. Em 1906-13 é desterrado e acentua a actividade revolucionária. Viaja pela Alemanha, França e Estados Unidos e estabelece-se em Capri. Escreve A Mãe, A Confissão, Os Vagabundos (novelas, contos, poemas e narrativas de que, se vos aguçar a curiosidade têm sugestão - na figura - do livro), As Três Vidas, O Espião, Contos de Itália ou Thomas Gordeiev.
Dou os meus 99% à primeira parte da frase e os 1% à restante. O meu trabalho é uma grande alegria mas tenho o “dever” de aturar os filhos dos outros, os que me fazem bolçar, que abomino, os de quem não quero ser amigo mas que, para desventura extrema, tenho que aguentar todos os dias, pelo menos sete horas, a ouvi-los mexer e vê-los respirar.
Não há nada perfeito…
A única safa é que, felizmente e graças a Deus, nem todos os colegas são mental, física ou emocionalmente depauperados. Também tenho os que se inserem nos 99%.
Aqui fica uma sugestão para a frase de Gorki: “Quando o trabalho é prazer, sem aturar colegas atrofiados, a vida é uma grande alegria. Quando o trabalho é dever, apenas aturar colegas enfezados, a vida é escravidão.”

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Rotina


Depois de três dias de remanso eis que volto à triste existência. Que nostalgia! Que saudades dos tristes coleguinhas (falo no plural e no masculino para não ter que indicar os tristes ou a triste), que saudades dos comboios, da multidão do trânsito, da comida da cantina, dos papéis, do calor…
Triste remanso este que, apesar de não o ter sido, apenas me serviu para desacostumar do hábito, da rotina do dia-a-dia.
Mas, a título de confidência e aqui entre nós, apesar de consciente que ninguém lê estas merdas, ainda bem que a rotina me presenteia diariamente com a sua presença pois, ao se apresentar, recorda-me que [a minha rotina] é linda e apetecível.
É, deste modo, com muito contentamento que me familiarizo, novamente, e reconcilio com ela.
“Há sempre alguém muito pior que nós! Não nos queixemos de barriga cheia e aconchegada”.
Beijos.